segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Protocolo: RP (e de como as linguagens se convergem)


Saudações, leitor. Já que você está lendo esse blog, é de se supor que você é interessado por Relações Públicas e/ou que você é um aluno da disciplina Técnicas e Processos em Relações Públicas, ministrada na UFMG. E você, privilegiado visitante, que foi na aula da última terça, provavelmente se lembra de termos sido apresentados para uma área bastante promissora das Relações Públicas, que é a de Cerimonial e Protocolo. Mas, como todo protocolo que se preze, não é somente a etiqueta e a arte da cerimônia que possuem regras e linguagem própria. Nesses tempos de web 2.0, a internet possibilita-nos uma era de interação jamais vistas, pois, conectando computadores do mundo inteiro, torna possível que disponhamos nossa opinião e nossa criação para pessoas de qualquer lugar. Para que seja possível esta conexão entre duas máquinas, ambas devem seguir o que na ciência da computação também é chamado de protocolo, e que conceitualmente carrega muitos paralelos com o equivalente da palavra nas relações humanas. Mas, o ponto mesmo em que queremos chegar é que o protocolo computacional, ao possuir um código que lhe é próprio e que é governado por regras, para que haja uma comunicação sem ruídos, assemelha-se muito, em linhas descritivas e gerais, com o exercer Relações Públicas. Confira trechos retirados da Wikipédia sobre o conceito e veja você mesmo.

A introdução já é categórica: “um protocolo é uma convenção ou padrão que controla e possibilita uma conexão, comunicação ou transferência de dados entre dois sistemas computacionais. De maneira simples, um protocolo pode ser definido como "as regras que governam" a sintaxe, semântica e sincronização da comunicação.” Da mesma forma, as Relações Públicas, para fazer a ponte entre a instituição e seus públicos e garantir o diálogo excelente entre ambos, assim como para tornar possível a legitimação para primeira pelos os segundos, realiza uma série de funções, como: pesquisa de mercado, pesquisa de opinião, ações para obter mídia espontânea, etc. Sem essa série de esforços (que nunca cessam, tendo em vista que a relação entre públicos e instituição é naturalmente instável) não seria possível um entendimento mútuo entre essas duas instâncias. Em seguida, um copy & paste das propriedades típicas e da importância do protocolo computacional. Vamos fazer um exercício? Com quais propriedades você consegue relacionar as Relações Públicas? Poste sua resposta nos comentários.

Propriedades típicas
É difícil generalizar sobre protocolos pois eles variam muito em propósito e sofisticação. A maioria dos protocolos especifica uma ou mais das seguintes propriedades:
§  detecção da conexão física subjacente ou a existência de um nó;
§  handshaking (estabelecimento de ligação);
§  negociação de várias características de uma conexão;
§  como iniciar e finalizar uma mensagem;
§  como formatar uma mensagem;
§  o que fazer com mensagens corrompidas ou mal formatadas;
§  como detectar perda inesperada de conexão e o que fazer em seguida;
§  término de sessão ou conexão

O perfil dos praticantes de RP: afinal, o que querem de nós?



Ao deliberar sobre as funções dos profissionais de Relações Públicas na academia aprendemos que características como maleabilidade, capacidade de negociação, além de um forte senso estratégico são imprescindíveis ao sucesso deste tipo de profissional. De modo a completar esse ciclo de exigências que vai além da capacidade de resolução de conflitos, ainda temos que nos deparar com as exigências que o mercado faz para “nos aceitar”, e, que além de serem duras e específicas estabelecem que sejamos mais do que profissionais super capacitados , mas seres humanos perfeitos aptos a qualquer tipo de experiências e capacitados para qualquer tipo de função exigida. Neste sentido cabe deliberar sobre: afinal qual o perfil ideal de um jovem Relações Públicas no mercado brasileiro?

A resposta a essa pergunta pode ser imprecisa e inespecífica , mas é a opinião de uma estudante em dúvidas que deseja não somente se adequar às leis da oferta e da procura, mas, sobretudo, se expressar e ser aceita, fazendo sempre modificações em suas condutas visando seu crescimento humanístico e profissional. É justo partirmos do pressuposto de que não vale à pena querer corresponder a todas as expectativas de uma só vez ,uma vez que isso é uma utopia, mas se encontrar, analisar quais são os pontos fortes e os pontos fracos. A partir daí, mãos a obra.

Uma vez que temos que associar características específicas do campo da Comunicação Organizacional às especificidades que cada tipo de instituição demanda de seu corpo de funcionários, vale a pena pesquisar que tipo de organização se pretende inserir. Por exemplo, algumas pessoas se sentem realizadas quando encontram segurança e estabilidade no campo profissional, neste caso, vale a pena se dedicar a concursos públicos, em outros casos o jovem prefere continuar na vida acadêmica atuando na área de pesquisa e de ensino, alguns profissionais com espírito empreendedor podem se arriscar abrindo um negócio, e outros, aventureiros, se arriscam no mundo das grandes corporações.

Esses últimos são certamente os que mais devem ser moldados/disciplinados, uma vez que, além de terem que preencher uma série de requisitos que a organização muitas vezes exige, tais como, a capacidade de auto liderança, competitividade e agilidade na resolução de conflitos, devem saber trabalhar sob pressão, respeitando um alto grau de hierarquia institucional. É esperado desses jovens profissionais, ainda, que acrescentem idéias à corporação, que sejam comunicativos nos âmbitos interno (público interno) e externo (mídia, stakeholders, etc.).

Em outros modelos de instituições como as universidades, é esperado um perfil um tanto quanto curioso deste tipo de profissional que deve se manter atualizado com o que acontece dentro e fora dos limites de seu departamento, neste caso, é exigido um perfil um pouco menos competitivo mas desafiador, uma vez que as metas travadas nesse campo são relacionadas ao campo científico, no sentido de progredir e acrescentar idéias e projetos positivos à atividade de Relações Públicas. Neste sentido, o pesquisador (ou a pesquisadora) ainda deliberará acerca das funções do profissional das Comunicações Organizações tanto como “lutará “ por um maior reconhecimento da profissão.

Mesmo tendo entendido a profissão apenas nos limiares da universidade, apreendo a idéia de relacionamento sobretudo e me apego a ela: o profissional “essencial” de Relações Públicas não necessariamente tem que ser o que intercambia relacionamentos, mas o que os promove e os molda, de acordo com seus interesses e os da instituição que defende, mesmo se tal instituição for a própria profissão (como é o caso de pesquisadores). A capacidade de saber se relacionar com os públicos de forma positiva para seus interesses e para a sociedade, sem dúvida, é um dos mais importantes atributos exigidos de nós jovens ingressantes no mercado de trabalho.

A comunicação no Brasil vem ganhando importância à medida que os meios de comunicação se tornam mais acessíveis, e a internet passa a ser a principal voz (e meio) de consumidores do mundo todo. Esse novo momento histórico em que o apogeu de sites de relacionamento como o Facebook, o Orkut e Youtube se efetiva com força total é muito proveitoso para nós profissionais tão multifacetados que atuamos no controle dos processos comunicativos de mão-dupla, de modo a gerar mais prestígio e renome social para a instituição que defendemos. Outro fator que é significativamente positivo a nós, jovens ingressantes no mercado, é a Responsabilidade Social que é cada vez mais exigida de organizações no mundo todo. Cabe ao profissional de Relações Públicas agir com ética neste sentido, “encaminhando” organizações para a tomada de decisões positivas a suas respectivas imagens.

O perfil ideal de um jovem profissional de Relações Públicas vai muito além de corresponder a todas as expectativas existentes, visto que isso seria impossível. O importante, na busca de estágios e em uma formação acadêmica de sucesso, a meu ver, é buscar contribuir de forma benéfica ao bem de todas as partes, trazendo sempre que possível uma reflexão agregadora de valores que visem um acordo em comum, esse conceito um tanto quanto abstrato é a conceituação mais próxima que consigo fomentar, uma vez que se aplica: aos relacionamentos entre públicos, aos relacionamentos entre instituição e mídia, ao gerenciamento de marcas, na tomada de decisões junto a alta gestão, e suma, aos Relacionamentos Públicos estabelecidos.

Pesquisa do Perfil do Profissional de Relações Públicas



O CONFERP (Conselho Federal de Profissionais de Relações Públicas) iniciou em março de 2009 a 1ª Etapa da Pesquisa do Perfil do Profissional de Relações Públicas e o recadastramento dos dados dos profissionais.

O objetivo da 1ª Etapa era analisar e identificar o perfil do profissional de Relações Públicas no Brasil, mediante levantamento e diagnóstico da situação existente.

Nesta etapa inicial o público-alvo eram os profissionais e estudantes de Relações Públicas que fazem parte do mailing do site do Sistema CONFERP (aqueles que se cadastram para receber informações).

Esta pesquisa, além de traçar o perfil do profissional de Relações Públicas, está sendo utilizada como ferramenta para atualização dos dados dos profissionais registrados nos Conselhos Regionais de todo o país.

A coleta de dados foi realizada com aplicação de questionário de auto-preenchimento, via Internet.

O questionário foi enviado a 9.703 destinatários de e-mails e foi disponibilizado link no site do CONFERP. 1492 profissionais responderam ao questionário entre os dias 12 de março a 25 de maio de 2009.



Uma parcial da 1ª etapa da pesquisa revelou que no Brasil:




 - 20% dos Relações Públicas eram homens e 80% mulheres


 - 59% dos profissionais tinham entre 20 e 35 anos


 - A maior parte dos profissionais entrevistados estavam registrados nos estados de MG, BA e ES (24%)


 - 44 % concluíram cursos de especialização

 - 80% dos entrevistados estavam ativos no mercado

 - 50% atuavam no setor privado e apenas 4% no terceiro setor


Veja na íntegra a parcial da 1ª etapa da pesquisa no endereço:
Em 2010 teve início uma nova gestão no CONFERP e por enquanto, na página do conselho não há nenhum relatório final sobre a pesquisa ou informações sobre a continuação da mesma.

O Golfinho Rotador



Em 2003 o CONFERP, atendendo aos pedidos de estudantes e profissionais de relações públicas tornou oficial o Golfinho Rotador como mascote da categoria. A escolha baseou-se em características da profissão e do profissional de relações públicas.
Segue abaixo o trecho da portaria referente à oficialização da mascote e a justificativa da escolha.

PORTARIA Nº 63/2003



Art. 5º - O animal representativo da profissão, a mascote RP, será o Golfinho Rotador, cujo nome científico é o de stenella longirostris.


Parágrafo único – O CONFERP tornará oficial a marca da referida mascote, com suas variações respectivas, para a sua utilização em peças gráficas e promocionais.



Justificativa:

Segundo as informações do Projeto Golfinho Rotador, criado e mantido pelo Centro Mamíferos Aquáticos / IBAMA, o Centro Golfinho Rotador, o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha / IBAMA e a Universidade de Pernambuco, o golfinho rotador é considerado, entre as sete espécies mais conhecidas, como o mais comunicativo e sociável. Ele é gregário e com um comportamento social bastante complexo, apresentando dois sistemas de comunicação: o oral e o aéreo.




O aéreo é composto por diversos padrões de atividades como: saltos e batidas com partes do corpo na superfície do mar, que produzem turbulências características quando o golfinho reentra na água. Os movimentos aéreos refletem o comportamento do grupo e estão relacionados ao ciclo diário dos golfinhos.



Já a comunicação oral, uma vez que os golfinhos não têm cordas vocais, reproduzem sons, assobios e cliques, cuja emissão pode-se dizer semelhante a uma espécie de código Morse. Existem estudos que afirmam que os golfinhos mantêm algum tipo de comunicação auditiva, cujas regras serviriam, inclusive, para organizá-los socialmente.


Como são gregários, a vida social é muito importante aos golfinhos, permitindo que eles atinjam os 80 anos, caso não sofram intervenções do homem e dos seus predadores naturais, os tubarões.


Portanto, idêntico à profissão de Relações Públicas que ainda carece de pesquisas científicas mais aprofundadas sobre a sua teoria e aplicação, a fim de garantir a sua consolidação no mercado; que estabelece diferentes formas de comunicação com os seus públicos de interesse no intuito da verdadeira interação; que apresenta um espírito gregário, pois acredita na união do grupo para intensificar os resultados comuns; o golfinho rotador foi escolhido para ser o animal símbolo da profissão de Relações Públicas no país.


Fonte: http://www.sinprorp.org.br/clipping/2003/285.htm



Entrevista: Luciana Oliveira


Formada em Comunicação Social pela PUC-MG, mestre em Antropologia pela UFMG e doutora em Sociologia também pela UFMG, Luciana Oliveira fala sobre o mercado de trabalho na área de Relações Públicas, as possibilidades de inserção no mercado de trabalho e muito mais. Confira!

1. Antes de tudo, gostaríamos de saber sua ligação com o curso de Relações Públicas, onde estudou e como entrou na UFMG.

Eu fiz Comunicação Social na PUC-Minas, a habilitação foi Publicidade e Propaganda. Mas eu nunca atuei em agência. Sempre vi na comunicação institucional e organizacional um caminho com o qual me identificava mais. E assim foi do ponto de vista profissional. O curso me despertou paralelamente um desejo enorme de conhecer mais sobre esta relação social chamada comunicação e, por isso, fui direto ao mestrado em antropologia na UFMG ao terminar a graduação, trabalhando paralelamente como gerente de pesquisa na PUC. Comecei a trabalhar no ensino superior privado e logo me tornei coordenadora de curso, sendo demandada também a trabalhar como profissional de comunicação nas faculdades onde atuei, fazendo tanto a comunicação interna quanto auxiliando a direção nas decisões quanto à comunicação externa. Passado algum tempo, entrei no doutorado em sociologia também na UFMG. A coisa que mais gosto de fazer na vida é pesquisa. Adoro a sensação de deriva presente nessa atividade e adoro conhecer os pontos de vista das pessoas, articulando-os a modelos teóricos. Minha tese de doutorado foi sobre o movimento da Responsabilidade Social Empresarial no Brasil e na Argentina, um estudo comparativo. Acho que toda a minha trajetória foi uma construção para chegar até aqui e isso foi feito via concurso público em maio de 2010.

2. Como você analisa o mercado de trabalho em Relações Públicas no Brasil?

Pesquisa feita pelo Conselho Regional dos Profissionais de Relações Públicas (Conrerp, 2ª. Região, 2008) apontam que o mercado para Relações Públicas cresce 15% ao ano. Vejo um mercado muito promissor, sobretudo a partir dos avanços já consolidados em termos econômicos e também pela perspectiva de crescimento que temos pela frente. Tal crescimento será notável em setores de infraestrutura, energia, siderurgia, telecomunicações e mercado financeiro, mas haverá um efeito sobre outras áreas. Creio que o aprofundamento de nossa experiência democrática também abrirá novos espaços no mundo não empresarial, sobretudo porque há ainda uma enorme dívida social, necessidades de melhoria na distribuição de renda e na educação – o que genericamente poderíamos denominar de melhoria do nosso capital social e simbólico. Todos os setores em crescimento exigirão um planejamento estratégico e uma comunicação eficientes, tanto para dialogar com as comunidades, os líderes de opinião e a mídia quanto para comunicar apropriadamente com autoridades governamentais e regulatórias. Tal diálogo tem nas mídias sociais e tradicionais um foro privilegiado. E ninguém melhor do que o profissional de Relações Públicas para criar esse diálogo entre organização e sociedade. Afinal, faz parte de nossa genética profissional saber comunicar e ouvir, saber gerenciar expectativas, demonstrar a função social e atuação responsável das organizações, buscar e antecipar as mudanças na sociedade.

3. Qual o perfil desejado de um profissional de Relações Públicas?

Fundamental mesmo é saber ouvir, é a capacidade da escuta. Nós, da comunicação de um modo geral, achamos que temos que aprender a falar, a produzir bons textos, boas mensagens, boas marcas. Mas isso é impossível sem uma boa escuta. No caso do profissional de RP que atua no ambiente organizacional – seja ele empresarial, governamental ou do terceiro setor – é sempre um profissional que está no meio de muitos interesses, nem sempre convergentes numa primeira avaliação. Portanto, é mediador, é um diplomata das organizações. Precisa saber o que está em jogo para atuar, conhecer bem o cenário interno e externo e ter compromisso com aquilo que seja o bem comum, o bem público. Mas o bem comum e o bem público são uma construção coletiva, por isso, o profissional deve auxiliar todas as partes envolvidas a dialogar a partir dos seus interesses.

4. Dentre as várias possibilidades de inserção no mercado de trabalho para um RP, qual é, no momento, a mais promissora?


Vejo um cenário muito promissor no campo da economia da cultura (ou economia criativa, como alguns gostam de dizer) que tem ainda muito potencial de crescimento em Minas Gerais. Mas acho que todos os tipos de organização estão precisando de quadros profissionais especializados. O campo que eu estudei na minha tese de doutorado, o da Responsabilidade Social e Sustentabilidade, é também muito carente de profissionais de comunicação – gente que saiba fazer um bom relatório de sustentabilidade de acordo com as normas da GRI ou um balanço social de acordo com o modelo IBASE, por exemplo. Mas também gente que seja sensível à necessidade de articulação dos interesses de todos os públicos – ou partes interessadas, ou stakeholders – na comunicação, trazendo-as inclusive ao processo de construção da marca, dos produtos, dos serviços. Os setores econômicos mais avançados nesse campo são o de energia e a indústria química, cujas atividades são bastante reguladas. Acho também que um importante campo que vem sendo desbravado, mapeado e sistematizado pelo prof. Márcio Simeone é o da mobilização social para as organizações sem fins de lucro e movimentos sociais.

5. Muito se discute sobre o profissional que atua na área de Assessoria de Comunicação. Para você o RP possui capacidade para trabalhar nessa área ou ela deve ser comandada por um profissional de Jornalismo?

Achei que essa discussão já estava superada (rs...). Esse debate não tem a menor validade. O que importa é que o profissional de comunicação se identifique com o trabalho de assessoria que tem as suas especificidades.

6. Quais são as linhas de atuação mais comuns do profissional de RP no mercado brasileiro?

Nas agências que prestam assessoria de comunicação interna e externa. O Brasil possui hoje mais de mil agências de Relações Públicas (de acordo com a ABRP), o que demonstra que o mercado está ativo e bem movimentado, com condições de absorver muitos egressos. Também estão sendo criadas novas oportunidades a partir do terceiro setor e da demanda por atividades de cidadania empresarial. Mas por outro lado também não podemos deixar de lembrar que existem outras áreas em que tradicionalmente o RP costuma atuar como, por exemplo, consultor político, ouvidor, ombudsman, pesquisador de opinião pública e em ações de lobby. Também tem possibilidade de atuar como planejador e executor de eventos, consultor de cerimonial e planejador de programas de relacionamento. Pode se especializar no atendimento de organizações de setores específicos como saúde, ensino, esporte, financeiro, meio ambiente, relações internacionais, promoção de produtos culturais etc.
7. Quais são as principais diferenças entre a prática da atividade no Brasil e no exterior?
Não conheço tão a fundo as práticas profissionais em cada país. Tenho algumas leituras nessa direção, mas não me sinto confortável para arriscar uma síntese. Mas o que acho verdadeiramente importante ressaltar é que a cultura organizacional é um microcosmo no qual a cultura de um modo geral se manifesta. Ao mesmo tempo em que ela tem especificidades – afinal aquele conjunto de gente se juntou ali naquela organização específica por um motivo ímpar – por outro, guarda muitas semelhanças com a cultura nacional, regional e local. Por exemplo, o “jeitinho” e o “você sabe com quem está falando”, instituições descritas por Roberto DaMatta como parte da cultura altamente hierarquizado do Brasil, certamente se verificam em muitas práticas das organizações brasileiras, assim como o autoritarismo (é bom lembrar que comemorando o nosso mais longo período histórico de vigência de um regime democrático que se instaurou a partir de 1985), o preconceito que não é aberto mas velado. Em outros países, são outros os traços. Por exemplo, nos Estados Unidos tudo é altamente burocratizado, ou seja, regulamentado e os profissionais têm que acatar as normas estabelecidas de maneira bastante rígida, a igualdade está submetida a regras.
8. Na sua opinião, quais as melhores formas de inserção no mercado de jovens recém formados?
Participação em programas de trainee, os estágios na época da graduação, saber o que se quer, ter uma boa rede e colocar-se em rede.
9. Quais são os principais desafios no início de carreira?
A insegurança ou a pressa, a impulsividade ou a passividade, saber reconhecer se se está no lugar certo (ou errado), conciliar os conhecimentos adquiridos com a prática profissional. O importante é colocar-se sempre numa posição de aprendizado e aprendizagem. Também é importante reconhecer se a escolha por uma organização foi correta. O grande segredo: fazer o que se gosta. Não faz sentido, ao menos para mim, fazer alguma coisa sem paixão, idealismo e buscando concretizar algo maior. Esse sempre foi o meu moto e acho que deu certo. Fui muito feliz nas minhas escolhas profissionais e embora me sinta super realizada, acho que ainda tenho muitos caminhos promissores. Adoro acordar e pensar assim todos os dias, é como estar sempre no início da carreira.
10. Como ganhar credibilidade e espaço em um mercado tão concorrido? (No caso, o mundo empresarial)
O mundo empresarial mudou muito nas últimas décadas. Passou por uma crise de confiança enorme, globalizou-se com a revolução da informação e complexificou-se em termos de seus processos, técnicas e linguagens. A credibilidade neste mundo vem cada vez menos de relações primárias – parentesco, círculos de amizade (embora ainda existam e tenham sim atuação) do que do trabalho profissional – organizado, comprometido, respaldado em escolhas técnicas e não na intuição – calcado na ética. Acho que há um lugar inegável para a meritocracia, fruto dos nossos avanços como sociedade, embora isso ainda possa conviver com certa herança maldita que tem como traços o autoritarismo, o patriarcalismo, o privatismo e o preconceito. Particularmente sempre apostei na meritocracia e posso atestar que dá certo.

Para divertir...

Enquanto buscava informações sobre os novos profissionais de RP em sites de Redes de Relacionamentos na internet encontrei esse interessante "jogo de palavras" no perfil do Orkut "Tribo RP",que descreve o Profissional de Relações Públicas nos dias de hoje de uma forma bem divertida e descontraida, vejam:

RP não come, degusta o produto

RP não cheira, sente a fragrância
RP não toca, examina o design
RP não dá resposta, cria outra pergunta
RP não conquista, persuade
RP não tem destino, tem target
RP não ouve barulho, ouve ruído
RP não fala, envia mensagem verbal
RP não procura endereço, procura praça
RP não escuta, decodifica a mensagem
RP não tem idéia, tem brainstorm
RP não recebe resposta, recebe feedback
RP não tem memória, tem repertório
RP não lê, decifra código textual
RP não pergunta, faz pesquisa
RP não ouve música, ouve trilha sonora
RP não tem lista, tem mailing
RP não vê outdoor, vê mídia exterior
RP não dirige, faz test-drive
RP não falece, seu ciclo de vida chega ao fim
Se isso foi copiado?
Claro que não!
RP não copia, faz outra versão

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Relações Públicas, Perfil de um Profissional


O documento final do Parlamento Nacional da Relações Públicas foi entregue à categoria durante o XV CONBRARP ‑ Congresso Brasileiro de Relações Públicas, em agosto de 1998, na cidade de Salvador, através da diretoria executiva do CONFERP ‑ Conselho Federal dos Profissionais de Relações Públicas, Dra. Sidinéia Freitas Gomes e Ms. Júlio Zapata, no intuito de dar fim a antiga e cansativa discussão do que afinal somos e o que fazemos. A proposta, após ter relembrado as recomendações básicas do Parlamento, é chegar a um denominador comum de qual seria, afinal, o perfil deste profissional.

a) Perfil em termos de FUNÇÃO
No documento final do Parlamento Nacional das Relações Públicas, temos como verbos principais para definir quais são, de fato, as funções da área, os abaixo relacionados:


Verbo Principal
Diagnosticar - capacidade para: selecionar e avaliar
Prognosticar - capacidade para: sistematizar e prever
Propor - capacidade para: apresentar e seduzir
Implementar - capacidade para: agilizar e negociar

Entendemos, assim, que quando preconizamos que o profissional de Relações Públicas deve:

1) DIAGNOSTICAR: significa que ele tem que ter a capacidade de selecionar e avaliar quais são as informações, dentre as várias encontradas, que, realmente, são relevantes à análise situacional das organizações. E por quê ressaltamos isto? Porque é muito comum os profissionais se sentirem atrapalhados com a quantidade de dados coletados, perdendo, assim, a noção do que é o importante para detectar os problemas da organização. Uma seleção errada, conduz a um diagnóstico errado e , por conseguinte, a um prognóstico equivocado! E aí fica fácil de entender o motivo de muitas empresas gastarem quantias significativas em comunicação e não obterem o retorno esperado!


2) PROGNOSTICAR: requer a capacidade de sistematizar os dados obtidos no diagnóstico no intuito de encontrar elos de ligação entre eles; e o de prever, ou seja, saber definir relações de causa‑efeito. Claro que a previsão que estamos falando aqui de nada tem a ver com o misticismo, espiritualidade ou astrologia. Estamos falando na capacidade de prever baseada em conhecimentos científicos desenvolvidos pela humanidade ao longo do tempo, ou seja, aqueles ligados especialmente a história das civilizações, psicologia social, política e economia.


3) PROPOR: para isto, o profissional deve aprender a apresentar propostas sob o enfoque de quem vai “comprá‑la”. É aquilo que, em qualquer aula de comunicação, ouvimos falar bastante: saber a linguagem e o interesse de nosso público‑alvo. Quanto a seduzir, acreditamos que quando conseguimos detectar os objetivos do nosso público‑alvo, esta sedução é inerente ao processo. Ou seja, descobrimos a chave para abrir “a mente e o coração” de quem nos interessa. Enfim, aprendemos a olhar a nossa proposta sob o olhar de quem deve comprá‑la. Evidentemente, a “chave” citada se torna mais desejada quando demonstramos suas inúmeras possibilidades. Isto é sedução!


4) IMPLEMENTAR: requer a capacidade do profissional em agilizar as diferentes ações inerentes ao processo de implantação. Todos nós sabemos que entre o planejado e o executado, encontram‑se certos empecilhos não previstos. E também temos consciência de que não poderemos parar tudo e iniciar novamente só porque apareceu uma variável incontrolável. O profissional de Relações Públicas tem que ter "timer", ou seja, pique e criatividade para resolver os problemas que surgem, não aqueles previstos. Afinal, o planejamento antecipado já definiu o que fazer com esses. Assim, quando falamos em solucionar pequenos ou grandes entraves que surgem em nosso “fazer”, conduzimos a nossa atenção para a necessidade de sabermos negociar. A capacidade de sabermos conciliar os diferentes interesses no sentido de atingir relações de ganha/ganha!

b) Perfil em termos de ATIVIDADES

Já nas atividades definidas com específicas da área de Relações Públicas, os verbos principais são:


Verbo Principal
Realizar - capacidade para: agilidade e diplomacia
Estabelecer - capacidade para: criatividade e flexibilidade
Planejar, coordenar, executar - capacidade para: pensamento estratégico e liderança
Ensinar - capacidade para: tolerância e abnegação
Avaliar - capacidade para: senso crítico e desprendimento

Estes verbos implicam nas demandas abaixo relacionadas:

1) REALIZAR: qualquer atividade requer o que já comentamos no item de implementação, ou seja, a capacidade do profissional em agilizar todos os processos e sua diplomacia em resolver os prováveis e constantes conflitos que aparecem quando nos propusemos em executar projetos. Mais uma vez: nem sempre o que foi escrito no papel acontece tal e qual no dia‑a‑dia! E precisamos estar preparados para isto, contando com o eventual como se ele fosse uma variável controlável.


2) ESTABELECER: ora, se o profissional de relações públicas tem a pretensão de estabelecer programas de comunicação estratégica, deve‑se supor que ela no mínimo, tenha criatividade. Não aquela criatividade que todos julgam ser o resultado de um “raio divino” que cai apenas na cabeça de alguns poucos sortudos. Estamos falando na criatividade, oriunda de informações, ou seja, aquela obtida através do acúmulo de dados diversos (desde de revistas de fofoca até aqueles gerados por pesquisa ), que associados com outros dados solucionam problemas. Portanto, esta criatividade também deve estar associada à flexibilidade, ou seja, a maleabilidade, o desprendimento e a sabedoria de ouvir, compreender e atender aos outros.


3) PLANEJAR, COORDENAR E EXECUTAR: planejamento pressupõe pensamento estratégico. Não se trata aqui de apenas saber colocar no papel os procedimentos/ações necessários a determinada solução de problema. Significa ter noção e visão do que é interessante para a organização não somente agora, mas, principalmente, depois. Quanto a coordenação e execução de programas, não conseguimos ver um profissional fazendo isto se ele não tem liderança, ou seja, a facilidade de orientar e motivar o grupo envolvido. Afinal, ele não pode e nem deve querer fazer tudo sozinho!


4) ENSINAR: se o ensino é uma das atividades possíveis dentro das relações públicas, parece‑nos evidente que o profissional/docente tenha, no mínimo, tolerância com o desconhecimento, o entusiasmo ou desinteresse exacerbado, a inquietude e, às vezes, a impertinência de quem é o seu orientado. E a abnegação, ou melhor, a dedicação e a renúncia serão indispensáveis quando tudo parecer errado e dar uma vontade louca de desistir deste santo oficio, pois, afinal, “eles não entendem nada”!
5) AVALIAR: não significa nada mais do que ter senso crítico sobre aquilo que estamos fazendo. E este senso crítico nos remete ao desprendimento, ou seja, a humildade imprescindível para ver e aceitar os nossos próprios erros. O lema deve ser: sempre pode ser melhor!

c) Conhecimentos básicos fundamentais

Pensamos, ainda, que as várias atividades propostas para a área de relações públicas, além das capacidades aqui enunciadas, têm necessidade de conhecimentos básicos em algumas outras áreas do saber. Certamente, por uma questão de tempo, não serão eles obtidos exclusivamente nos bancos escolares. É o profissional/aspirante que deve buscar estas informações fora da sala de aula.


Assim, elencamos abaixo as ciências que julgamos fundamentais para cada atividade específica do profissional de relações públicas:


ATIVIDADE ESPECÍFICA

· Pesquisas e auditorias de opinião e imagem, cenário institucional;

CONHECIMENTO NECESSÁRIO DE : Psicologia social, sociologia, filosofia, antropologia cultural, estatística, política.

· Diagnósticos de pesquisas e de auditoria de opinião e imagem;
CONHECIMENTO NECESSÁRIO DE : Lógica, teria da comunicação, teoria, política e filosofia de relações públicas ,teoria e pesquisa de opinião pública.


· Planejamento estratégico de comunicação institucional;
CONHECIMENTO NECESSÁRIO DE : Teoria da comunicação, teoria, marketing, teoria, política e filosofia de relações públicas, administração.


· Programas que caracterizem a comunicação estratégica para criação e manutenção do relacionamento das instituições com seus públicos de interesse;
CONHECIMENTO NECESSÁRIO DE : Negociação, propaganda, estética e ética. Novas tecnologias de informação e comunicação, outros idiomas (inglês e espanhol), língua portuguesa, cultura geral e qualidade total.


· Programas de: Interesse comunitário; Informação para a opinião pública; Comunicação dirigida; Utilização de tecnologia de informação aplicada à opinião pública; Esclarecimento de grupos, autoridades e opinião pública sobre os interesses da organização.
CONHECIMENTO NECESSÁRIO DE : Comunicação comunitária e alternativa, direito social, novas tecnologias de informação e comunicação, outros idiomas (inglês e espanhol), língua portuguesa, retórica, oratória, negociação, política e cultura geral.


· Avaliar os resultados dos programas obtidos na administração do processo de relacionamento das entidades com seus públicos.
CONHECIMENTO NECESSÁRIO DE : Estatística, Marketing, sociologia, Opinião Pública, Psicologia Social, Economia e Política.

E para finalizar nossa explanação, temos convicção de que o profissional de relações públicas deve, ainda:

à Ser curioso e inquieto: é estar sempre questionando, buscando novos conhecimentos, novos procedimentos, novas verdades. Este será referencial do homem do novo século em relação ao do passado.


à Ter necessidade de aprender: ou melhor, acreditar que somente o conhecimento conduz à solução de problemas. Lembre‑se: provavelmente, o único pecado do homem seja a ignorância. Por ela, cometemos todos os outros ditos pecados.


à Gostar de "gente", sim! Porque o nosso dia é com e para pessoas. E pessoas são muito complicadas e antagônicas. Portanto, somente quem, verdadeiramente, gosta de gente possui o dom de aceitar as contradições humanas.


à Ter facilidade na expressão oral, escrita e corporal: afinal, você é um comunicador que busca a conciliação de interesses. E isto só é possível para quem sabe se comunicar objetiva e eficientemente.


à Ser capaz de adaptar‑se: o mundo transforma‑se à velocidade quase da luz. Obviamente, como estrategistas, temos que ter desprendimento suficiente para nos adaptar‑mos às novas realidades. Caso contrário, estaremos fora!


à Amar a profissão: enfim, não ter vergonha de dizer qual é a sua profissão e lutar pelo seu reconhecimento. Afinal, ela é uma atividade não somente com amparo legal, mas de cunho social, tão necessária neste mundo de transições e conflitos que estamos vivendo.




Texto de Andréia Silveira Athaydes - Presidente do Conrerp RS/SC em 1998